Caso Bernardo: audiências seguem nesta quinta-feira
Na tarde de ontem (26/11), em continuidade à audiência iniciada pela manhã para ouvir testemunhas de defesa, o Juiz Marcos Luís Agostini, titular do processo que apura a morte de Bernardo Uglione Boldrini, ouviu três médicos e uma psicóloga.
Hoje, as oitivas prosseguem, a partir das 9h, no Salão do Júri do Foro da Comarca de Três Passos.
Depoimentos
Médico - A primeira testemunha da tarde de ontem, um ginecologista e obstetra da cidade, descreveu Leandro Boldrini como muito solícito e tranquilo. Como médico sempre ajudava todo mundo quando precisava. A testemunha não soube dar detalhes de como o réu é na intimidade. Disse que chegou a frequentar a casa do médico quando ele era casado com Odilaine, mas não ficaram amigos íntimos. Informou não conhecer o consultório dele. Disse que encontrou Bernardo, um ou dois finais de semana antes do seu desaparecimento. O menino estava sozinho. Afirmou que sabia que, às vezes, o menino dormia na casa do casal Jussara e Carlos Petry. Revelou ser amigo do casal, mas que não chegaram a falar sobre o possível abandono afetivo sofrido pela criança.
Psicóloga - A psicóloga e terapeuta familiar que atendeu Bernardo em duas ocasiões falou em seguida. O primeiro contato ocorreu em 2011. Na época, foram dois ou três atendimentos, recordou. Questionada sobre o que constatou, a testemunha disse que Bernardo necessitava da presença e do acompanhamento do pai. Entendia que faltavam limites para a criança, afirmou. De acordo com a testemunha, embora solicitado, Leandro não falou que iria mudar o comportamento. Leandro só ia às sessões se chamavam. Às vezes, Bernardo ia com a madrasta. Em 2013, a psicóloga disse que se propôs a atender Bernardo porque ela achou necessário. Contou que tentou ligar para o pai e fez encaminhamentos através do pediatra do menino, mas ele também não teria conseguido falar com Boldrini. Sobre Kelly (apelido da madrasta Graciele), a testemunha disse que foi colega dela na Secretaria da Saúde. Falou que, quando as duas se encontravam, e a psicóloga questionava sobre como estava Bernardo, a madrasta era sempre superficial, saindo pela tangente. Na avaliação dela, o caso se tratava de uma típica família reconstituída onde a madrasta não aceitava o enteado. Quando voltou a tratar Bernardo, a terapeuta familiar observou que suas roupas eram sujas (tinham restos de comida, de tinta usada na escola), o aparelho ortodôntico era mal higienizado, além de se mostrar sonolento, apático e desanimado. Na ocasião, ela comunicou a situação ao Conselho Tutelar. A testemunha informou que sabia do abuso de remédios e também comunicou o pediatra. E que Bernardo sabia nominar as medicações que usava. O menino estava abaixo do peso e com princípio de pneumonia. Certa vez, questionou Bernardo sobre qual personagem de história infantil o menino gostaria de ser, se pudesse. Nenhum. Porque nunca ninguém me contou histórias, respondeu ele.
Colega de faculdade - O segundo médico a prestar depoimento foi colega de faculdade de Leandro Boldrini. Ele o descreveu como um aluno empenhado, disciplinado, sempre boas notas. Além de uma pessoa alegre, querida e respeitosa com os pacientes. Afirmou que era um ótimo colega e ótimo profissional. Disse que presenciou várias vezes o relacionamento de Leandro e Bernardo. Era carinhoso com o filho. Passava a mão na cabeça dele. No ano passado, a testemunha encontrou Bernardo, deu carona para ele, e o menino estava com a chave de casa. Sobre o jeito de Boldrini, a testemunha confirmou que o colega era de manifestar pouca emoção. Mas que, quando Odilaine morreu, o médico teria largado os plantões e dito que se dedicaria ao filho. A testemunha não soube dizer se Boldrini mantinha relacionamento extraconjugal na época em que era casado com a mãe de Bernardo. O depoente contou que, no dia seguinte ao desaparecimento de Bernardo, ele foi na casa do colega manifestar solidariedade. E que achou estranho que Graciele estava sorridente. Boldrini estava abalado, mas não tanto se fosse no meu caso, lembrou. A esposa dele e outras mulheres foram procurar Bernardo. Lembra que Kelly disse: Ele deve estar escondido por aí. Para a testemunha, Leandro mudou o comportamento após conhecer Graciele. Depois que ele a conheceu, ele achou que talvez Bernardo estivesse mais amparado e começou a trabalhar um pouco mais.
Colega de hospital - O terceiro e último a falar na tarde de ontem foi um médico, colega de Leandro no hospital em que trabalhava. Como colega, era excepcional, competente, sempre disposto. A vida pessoal era reservada, afirmou a testemunha. O depoente disse que viu pai e filho juntos em poucas ocasiões. Contou que a família foi na casa dele umas três semanas antes do desaparecimento do menino. Leandro tinha uma relação fria com Bernardo e com a menina (filha dele com Graciele) também. Ainda disse que o médico é introvertido, não demonstrava sentimento no dia a dia. Mas muito concentrado no trabalho. Na semana do desaparecimento de Bernardo, ligou para Boldrini. Ele foi normal e comentou que achava que o filho 'estava aprontando'. A testemunha também disse acreditar que o médico mudou o comportamento: A impressão que me passava é que ele era infeliz antes. Depois de se separar (de Odilaine), ele passou um período mal. Depois que conheceu a Graciele estava mais disposto e feliz. Depois, nessa parte final, acho que ele ficou mais 'estranho', diferente do que estava antes, concluiu.
Imprensa
Segue permitido o acesso da Imprensa às audiências, nos moldes como foram as anteriores. Será permitida a captação de imagens e o registro fotográfico dos primeiros 15 minutos de audiência, sem o uso de áudio. Depois disso, os Jornalistas poderão acompanhar o depoimento das testemunhas no local - sem gravação de áudio ou imagens. Fica mantido o credenciamento das últimas audiências. Novos cadastramentos puderam ser encaminhados até o final da tarde da última terça-feira (25/11). A Equipe de Imprensa do TJ-RS estará presente no local para orientar e auxiliar os repórteres no que for necessário.
Relembre o caso
Bernardo Uglioni Boldrini, de 11 anos, desapareceu em 4/4, em Três Passos. Seu corpo foi encontrado na noite de 14 do mesmo mês, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens de um rio. Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta Graciele Ugulini, admitiu o crime e apontou o local onde a criança foi enterrada. Respondem ao processo criminal Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz. A denúncia foi aceita pelo Juiz Marcos Luís Agostini em 16/5. Os réus estão presos.
Processo: 21400007048
FONTE: TJ-RS
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